CIRANDA DE PRÁTICAS E ESTUDOS SOBRE NARRAÇÃO DE HISTÓRIAS
Os encontros em círculo para brincar, cantar, jogar e ouvir histórias estão presentes em todas as culturas. Em nosso país a Ciranda, que é um tipo de dança em roda é muito comum, herança dos povos africanos e indígenas. A Ciranda propõe uma interação coletiva em forma de dança e canto acompanhada de alguns instrumentos como o ganzá, a caixa, a zabumba, e também instrumentos melódicos.
Quem nunca ouviu falar de Lia de Itamaracá, nossa tão premiada cirandeira que é Patrimônio Vivo de Pernambuco. "Esta ciranda /Quem me deu foi Lia/ Que mora na ilha/ De Itamaracá".
É com este espírito de brincadeira coletiva que propomos a Ciranda de Práticas e Estudos em Narração de Histórias, abrindo um espaço poético de voltas, piruetas, cabriolas, cantorias e viravoltas. Reavivando nossas memórias entre passado e presente, num tempo espiralar, que se volta ao passado mas também, toca o presente projetando um futuro. Vamos estudar a arte ancestral de Contar Histórias, e também entender como esta linguagem artística se conecta com o nosso fazer hoje.
Durante o primeiro semestre de 2025 faremos cinco encontros formativos com a proposta de estudar e praticar a linguagem da Narração de Histórias. Para isso convidamos artistas-pesquisadoras da palavra que vão trazer assuntos e abordagens distintas sobre esta linguagem: Ana Luisa Lacombe, Isis Madi Rezende, Letícia Liesenfeld, Mafuane Oliveira e Simone Grande.
Um convite para sermos cirandeiras, cirandeiros, cirandeires da palavra.
VOCÊ PODE PARTICIPAR DA CIRANDA COMPLETA OU DE CADA ENCONTRO SEPARADAMENTE.
VEJA ABAIXO:
Ciranda de Histórias - Abertura dia 16 de Fevereiro
Abriremos esta Ciranda de Práticas e Estudos em Narração de Histórias com uma Roda de Histórias no dia 16 de fevereiro 17h com: Ana Luísa Lacombe, Isis Made, Letícia Liesenfeld, Mafuane Oliveira e Simone Grande.
Garanta seu ingresso - Poucos lugares
Valor R$ 40,00
Na compra de 2 ingressos pague R$ 60,00
Mínimo de participantes para fechar as turmas; 10 pessoas
Dia 16 de fevereiro - 17h
Detalhes dos encontros da CIRANDA abaixo
Fevereiro - dia 22 sábado
Brincar o Conto - Isis Madi
Das 10 às 17h
“Finalmente, por ‘dizer o indizível’, a imaginação simbólica tem uma função transcendental, ou seja, ela permite que se vá além do mundo material objetivo e que se crie o que Bachelar chamava de ‘suplemento da alma’”( Danielle Perin Rocha Pitta).
A oficina "Brincar o Conto" abordará a narração de histórias a partir da relação entre o conto, o contador e suas próprias imagens. Por meio de jogos, brincadeiras e experimentações, que unem imaginação e movimento, descobriremos as paisagens de nosso narrador e suas escolhas de caminho.
As dinâmicas são individuais e coletivas, e nos fazem refletir sobre a importância da imaginação de quem conta e de quem escuta e estratégias de conexão com a história e com os ouvintes.
A escolha dos contos, a preparação do espaço, a utilização de recursos externos como música, objetos e a preparação do espaço, são outros temas abordados.
Atriz, graduada pela Unicamp, é doutoranda na Faculdade de Educação da USP, onde investiga a criação de imagens para os contos. É pós-graduada na Arte de Contar Histórias pela Casa Tombada, além de contadora de histórias e professora, há mais de 20 anos. Desde de sua formação, se interessou pela construção da narrativa em cena, atuando e construindo dramaturgia de espetáculos de teatro, intervenções cênicas, narrações de história, vídeos e áudio-livros. É autora de livro didático sobre Projeto de Vida através das linguagens artísticas, editora Moderna, 2022. Já trabalhou na formação de arte-educadores, arte-terapeutas, professores de ensino infantil e fundamental em instituições como Cenpec e Sedes Sapientiae. Seus últimos trabalhos são “Contos de Cá - O pantanal e outras histórias”; e “Tá na mesa”, peça teatral do grupo Matula Teatro, da qual é diretora e dramaturga.
Março - dia 22 sábado
Poéticas da tradição oral: memória afetiva e relações sociais - Mafuane Oliveira
Das 10 às 17h
"A escrita é uma coisa e o saber é outra.
A escrita é a fotografia do saber, mas ela não é o saber em si"
(Tierno Bokar)
Mafuane Oliveira, dialoga sobre tradição oral, processo criativo e a transcriação das nossas micro histórias de vida, dentro dos processos das relações criadas pela formação histórica e político-social do Brasil. A oficina pretende contribuir nas reflexões sobre as diferentes possibilidades de trabalhar o papel da memória coletiva pela oralidade e performances de narração artística. No encontro através de atividades de escrita e oralidade refletiremos sobre formas integrar o universo da tradição oral e outros valores civilizatórios afroameríndios ao nosso cotidiano recriando alternativas de contraponto a narrativas hegemônicas e eurocêntricas.
Contadora de histórias, atriz, educadora, escritora, graduada em pedagogia e mestra em artes cênicas pelo Instituto de Artes da UNESP. Tem dedicado suas pesquisas e publicado artigos relacionados aos temas da memória, performance, oralituras amefricanas, literatura infanto-juvenil e culturas da infância, é co-autora dos livros “Tatu tá cavucando: dez anos de Grupo Terreiro de Investigações Cênicas: teatro, ritual, brincadeiras e vadiagens” e “Doma: Saberes Negros e enfrentamento ao racismo.” Idealizadora da Cia Chaveiroeiro, projeto de narração de histórias e formação de professores, apresentadora do programa de televisão Contos Rá-Tim-Bum e podcaster do UNICEF Brasil, no projeto “Deixa que eu Conto”. È autora do livro “Cinderela do Rio”, que apresenta a perspectiva afrobaiana do conto clássico “A Gata Borralheira”, co-autora do livro “Mesma Nova História” finalista do prêmio Jabuti 2022 na categoria melhor livro infantil. Atualmente é consultora de projetos culturais e educacionais relacionados à oralidade, literatura, arte e educação étnico-racial, e colaboradora no Projeto Fazedoras de Memórias Negras da Casa Sueli Carneiro. Com alcance nacional e internacional representou o Brasil em diversos eventos educacionais e artísticos.
Abril - dia 12 sábado
O Tempo Curvo das Histórias - jogos entre a presença e o agora - Simone Grande
Das 10 às 17h
"O Conto é a mensagem de ontem, destinada ao amanhã, transmitida no hoje"
Amadou Hampâté Bâ
Escutar pressupõe tempo. Tempo para estar presente e se deixar levar por uma história. Seja narrando ou escutando. Walter Benjamin dizia que quanto mais nos esquecemos de nós mesmos mais nos afundamos na história e gravamos profundamente o que é narrado. E, para esquecer de mim preciso demorar-me em cada passagem, dar tempo para que algo aconteça. Uma história nunca é narrada da mesma maneira, ela se inscreve no tempo-espaço de forma única a cada repetição.
Proponho que nesta oficina experimentemos o alargamento do tempo na sua relação com o conto. Ou o conto alargado pelo tempo. Demorar em cada passagem, conectar-se ao seu silêncio e a escuta do movimento. Criar uma observação profunda de si e do grupo, acordando o corpo e a voz através da prontidão para o trabalho. Abrindo espaços para criar uma integração entre o interno e o externo.
Parar para ler, jogar, escutar e narrar. A partir de vários jogos e exercícios que acumulei e criei ao longo de minha trajetória no teatro e na narração de histórias, vamos ativar a presença e a escuta na relação com o tempo para trabalhar com um conto escolhido para a oficina.
Simone é atriz, contadora de histórias, educadora, pesquisadora e autora. Mestra em Artes Cênicas pela Escola de Comunicações e Artes – USP. Pós Graduada em A Arte de Contar Histórias abordagens poética, literária e performática e O livro para a infância: processos contemporâneos de criação, circulação e mediação. Fundadora dos Grupos As Meninas do Conto e A Fabulosa Companhia. Já recebeu diversos prêmios pelos espetáculos dos grupos como Prêmio APCA / Coca-Cola Femsa/ Prêmio São Paulo de Incentivo ao Teatro Infantil e Jovens, entre outros. Em 2022 a partir do projeto de Lei de Fomento para a Cidade de São Paulo "A escuta praticada, palavra partilhada - 25 anos de teatro do grupo As Meninas do Conto" criou a Rádio As Meninas do Conto. É co-autora do livro A Arte de Contar Histórias, abordagens poética, literária e performática, Editora Ícone, São Paulo, 2010. E também co-autora de As Velhas Fiandeiras dramaturgia publicada pela coleção Fora de Cena da Companhia das Letrinhas em 2017. Em 2024 estreou seu mais recente espetáculo no qual também é co-dramaturga - Joana e o Príncipe Silencioso - indicado ao Prêmio APCA.
Maio - dia 17 sábado
A Dança Implícita das Histórias - corpovoz e as dinâmicas
de escuta e cumplicidade - Leticia Liesenfeld
Das 10 às 17h
"O que no corpo e na voz se repete é também uma episteme."
Leda Maria Martins
A abordagem é aguçar percepções corporais sutis. Escutar ocorrências que constituem e atravessam a narração cênica ou artística de histórias. Observar vestígios que se manifestam no efeito de reverberação dessas ocorrências altera a nossa inscrição do corpo no espaço durante o ato de narrar.
Nesse encontro, ativado pela contadora ou contador, pode se dar um adensamento espaço-temporal, seja na experiência de quem conta como na dos que escutam a história narrada. Uma cena aberta, fora da caixa do teatro ou sala de espetáculo, como essa, se mostra por isso mesmo côncava no sentido de um convite. Um "aconchegar-se" por parte da audiência na vocalidade do narrador, no passeio pelas imagens sugeridas pela história e na vivência de um estado de atenção experienciado coletivamente, faz parte da proposta de um evento narrativo. A cena nesses casos é um abrigo (Skenè) que convida a um (re)pouso coletivo ativo. Como se desenvolve a vocalidade da narradora, ou narrador, nesse processo? Como o corpovoz pode criar espacialidade, tornando o espaço de encontro à volta das histórias um lugar? Pequenos exercícios práticos, conversas, leitura e escrita de textos breves, compõem a oficina.
Atriz, contadora de histórias, professora e pesquisadora. Doutoranda em Teatro /UnB. Mestre em Comunicação e Artes UNL (Lisboa) e Bacharel em Artes Cênicas /UFRGS. Atua desde 1997 em produções de teatro e dança (Brasil, Portugal e França) e desde 2003 como contadora de histórias (Brasil, Portugal e Alemanha). Coloca em diálogo a leitura e a narração de histórias com o território da dança contemporânea. Professora e coordenadora na Pós-graduação Narração Artística: convite às práticas e poéticas das oralidades na arte e na educação, professora convidada no curso de Pós-graduação O Livro para a Infância - processos contemporâneos de criação, circulação e mediação e professora convidada no curso de Pós-graduação Gestos de Escrita como prática de risco, os três projetos em versão online n'A Casa Tombada (SP). Professora no curso livre online A Escrita Expandida, da f508.art (SP e Lisboa). Ministra cursos livres e seminários nos campos da mediação da leitura, narração oral artística, corpo e vocalidade. Pesquisa sobre poéticas da intimidade e sobre o papel da atmosfera (campo estético) na narração de histórias.
Junho - dia 07 sábado
Do Livro para a Boca - Ana Luísa Lacombe
Das 10 às 17h
"A narração de histórias é tão potente porque é uma experiência física. A pessoa inteira se engaja na feitura do significado e da história."
( Laura Simms).
Neste encontro a contadora de histórias e escritora Ana Luísa Lacombe irá expor o percurso de adaptação e depois narração de um conto da tradição oral, as reflexões que levaram às alterações no gênero das personagens, bem como na resolução final da história. Esta experiência será o disparador para levantar questões históricas, culturais, éticas e estéticas que norteiam o seu processo de preparação de uma história. Quais as questões que vêm à tona quando estudamos um conto tradicional? Podemos alterar elementos do conto? Qual o limite na intervenção do enredo de uma história? Para alimentar esta conversa a artista trará suas percepções pessoais tecidas com olhares de estudiosos dos contos como Maria Tatar, Vladimir Propp, Marina Warner, Jack Zipes, Ursula Le Guin, entre outros.
Ao final da exposição e troca de ideias com o grupo, será proposta uma atividade prática às pessoas participantes, divididas em grupos, onde irão experimentar um processo de adaptação de um conto tradicional e depois a sua narração numa roda. Ao final, conversaremos sobre as questões que surgiram e as soluções encontradas.
Atriz, contadora de histórias, escritora, figurinista, graduada em licenciatura em Artes Visuais, pós-graduada em Narração Artística em Contexto Urbano. Diretora artística da Cia Teatral Faz e Conta que produziu 7 espetáculos de teatro narrativo ao longo de seus 20 anos e ganhou vários prêmios como APCA, FEMSA-Coca-cola, Prêmio de Incentivo ao Teatro Infantil e Jovem, entre outros. Professora de 2008 a 2022 do Curso de Formação de Contadores de Histórias da Biblioteca Hans Christian Andersen, palestrante e ministrante de cursos sobre a arte da palavra, dando aulas na pós-graduação da Casa Tombada e na Faculdade Cantareira. Alguns de seus livros: "Quanta História Numa História! - relato das experiências de uma contadora de histórias" (ganhador do Edital PROAC para sua publicação), “Teia de Experiências - reflexões sobre a formação do contador de histórias”, “A Árvore de Tamoromu” (Prêmio FNLIJ de Melhor Reconto), “Fadas, Bruxas e Aventureiras” (em parceria com Penélope Martins), “Onde Mora o Lobo?” e "Mergulho na História - BarbAzul". Integrante do Coletivo Portal das Histórias que tem uma plataforma de conteúdo on-line sobre a arte da palavra.
Valores
Ciranda Completa - Cinco dias de Formação com carga horária de 35 horas (Emissão de Certificado)
(PIX / Cartão)
Até 25 de janeiro R$ 1.140,00
Após 25 de janeiro R$ 1.300,00
Valores Por Ciranda - (PIX / Cartão)
Ciranda 1 - 22 de fevereiro com Isis Madi
Valor R$ 250,00 até 25 de janeiro
Valor R$ 270,00 após 25 de janeiro
Ciranda 2 - 22 de março com Mafuane Oliveira
Valor R$ 250,00 até 25 de janeiro
Valor R$ 270,00 após 25 de janeiro
Ciranda 3 - 12 de abril com Simone Grande
Valor R$ 250,00 até 25 de janeiro
Valor R$ 270,00 após 25 de janeiro
Ciranda 4 - 17 de maio com Leticia Liesenfeld
Valor R$ 250,00 até 25 de janeiro
Valor R$ 270,00 após 25 de janeiro
Ciranda 5 - Dia 07 de junho com Ana Luísa Lacombe
Valor R$ 250,00 até 25 de janeiro
Valor R$ 270,00 após 25 de janeiro